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Reciclar está na moda no Japão

Brasileiros trabalham reformando produtos usados oferecidos por lojas especializadas
Valdelício Sampaio - fotografia de Claudio Endo
Valdelício Sampaio - fotografia de Claudio Endo
O Japão experimenta hoje um boom na área de "reciclagem" - a palavra vem ganhando cada vez mais força e destaque, mostrando o outro lado do consumo de produtos descartáveis. Muitos japoneses descobriram nos produtos usados uma opção boa e barata para equipar e decorar a casa ou o guarda-roupas. Um dos fatores responsáveis por essa tendência é a lei de reciclagem, que passou a vigorar em abril do ano passado, obrigando os consumidores a arcar com parte das despesas do descarte de alguns tipos de eletrodomésticos. Já no caso das roupas o motivo parece ser a busca constante por modelos novos.

Conhecidas também como recycle shop, as lojas de produtos reciclados - itens usados e reformados - estão lutando para aumentar a clientela. A rede Sohko Seikatsukan, fundada em 1988, tem hoje 231 lojas espalhadas pelo país - a maioria aberta em regime de franquia. Além de fornecer mercadorias para todos os estabelecimentos, a matriz, localizada na província de Shizuoka, também oferece assistência técnica. A Sohko é conhecida pela originalidade dos produtos - lá, é possível adquirir uma televisão quebrada transformada em estante ou aquário. A rede também comercializa usados importados, enviados pela filial de Los Angeles, nos Estados Unidos.

O brasileiro Valdelício Sampaio trabalha na matriz há sete anos consertando máquinas de lavar roupa, bicicletas e aquecedores. Segundo ele, muitos aparelhos aparentam não ter conserto, mas podem ser reaproveitados.

Os brechós, trazem roupas reformadas ou que seguem a mais nova moda retrô. As compradoras estão sempre em busca de um modelo original que realce a sua personalidade. Há também lojas especializadas em peças de marca como Luis Vitton, Channel e Prada. As mais entusiastas por essas marcas costumam comprar os novos modelos a cada estação. As peças usadas, mas ainda novas podem ser encontradas em lojas como a Accent em Yokoyama, Sol em Tokyo ou Evans 1001, em Shizuoka.

Internet

A compra e a venda de produtos tomou conta da internet também. São muitas as lojas virtuais que oferecem produtos usados ou proporcionam espaço para troca direta entre os usuários da página. Muitos objetos raros como modelos originais ou antigos de roupas ou exemplares de mangá, para colecionadores também podem ser encontrados através desses sites. Muito cuidado, pois nem tudo que é usado é necessariamente barato.

A Komehyo Nishikan, com sede em Nagoya, disponibiliza uma lista de preços para os interessados em vender seus pertences na internet. São treze itens, incluindo relógios, computadores, aparelhos de som, quimonos, bolsas de grife e instrumentos musicais. Por um relógio Rolex, modelo masculino, que vale hoje no mercado 310 mil ienes, o interessado pode receber até 150 mil ienes - dependendo do estado de conservação. Uma câmera DCR-VX2000, da Sony, comprada na loja por 411 mil ienes, vale até 200 mil ienes.

Mas a venda de mercadorias usadas não é uma atividade exclusiva dos comerciantes - pessoas comuns estão se valendo da internet para organizar verdadeiros "bazares" online. É o caso da "mãe do Satoru", de 30 anos, que criou a página Satoru's Mama no Recycle Shop para vender roupas e brinquedos do filho de 4 anos - "são coisas que acabei comprando em excesso, roupas novas, ou que ainda podem ser usadas", explica. Para aumentar ao máximo as chances de venda, ela incluiu fotos e descrições detalhadas. Os preços são convidativos: uma camiseta de manga comprida East Boy sai por 80 ienes, e um Doraemon de pelúcia custa apenas 50 ienes.


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