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Beleza Brasileira

Uma das qualidades femininas mais apreciadas pelos homens é a beleza. Em Tokyo, muitas garotas brasileiras vivem o sonho dourado de trabalhar como modelo. Raquel Okoti divide sua experiência e conhecimento com elas, apresentando agências japonesas de renome.
Muito branca e magra, Cristiane sempre se achou desengonçada
Muito branca e magra, Cristiane sempre se achou desengonçada
É muito importante gostar de si

A modelo Cristiane Machiko Nishikawa Miqueletti , 21 anos, nascida em Presidente Prudente, veio ao Japão quando tinha 14 anos junto com a sua família para trabalhar em fábrica. Depois de trabalhar duro por quatro anos, Cris, como é carinhosamente chamada, teve a oportunidade que todas as garotas sonham. Ao ser convidada para fazer o curso, ela se assustou. "No Brasil eu sempre me achei desengonçada. Eu era muito magra, muito branca e nunca pensei que poderia ser modelo", contou. Sua vida mudou quando conheceu Raquel Felipe Okoti, da agência Woga. "Ela me incentivou desde o começo e acreditou no meu potencial". Com 19 anos ela fez o curso oferecido pela Woga com a intensão de aprender. "Eu me interessava na parte de cabelo, maquiagem e estilismo". Cris fez o curso por duas semanas consecutivas e logo depois já estava preparando o seu book. Quando deu por si ela já havia se mudado para Tokyo e começava a fazer trabalhos como modelo. "Eu me dei conta de que tudo que eu tinha de feio para os padrões brasileiros foi o que eu precisei para conquistar meu espaço aqui". Seu primeiro trabalho foi para a televisão. "No começo era difícil de acreditar que tudo aquilo estava acontecendo comigo". Até então ela morava na província de Shizuoka junto com seus pais. Quando chegou no Japão ela não sabia falar japonês e teve dificuldades em se adaptar, mas agora nem pensa em voltar para o Brasil. "A vida mudou e os planos foram mudando". O sonho de juntar dinheiro para voltar para o Brasil e estudar e talvez ter um carro mudaram completamente, mas Cris não esquece do dia-a-dia como dekasegui. "A vida aqui é sofrida e acho que é de se bater palmas para todas as pessoas que vem trabalhar como dekasegui". Mas para quem pensa que a carreira de modelo é fácil, Cris adverte: "Tem que investir na carreira e se esforçar bastante". Cris foi uma das primeiras a se mudar para Tokyo e conta que até hoje faz trabalhos temporários quando não está trabalhando como modelo. Ao chegar em Tokyo, três anos atrás, Cris descobriu que ela pode se manter fazendo trabalhos mais leves e por um período mais curto. "Estou trabalhando em restaurante e recebo quase tanto quanto eu recebia na fábrica". Para isso, Cris teve de se esforçar muito e aprender a falar japonês. "Aqui em Tokyo é muito importante ter o domínio do idioma, mas tendo disciplina você pode mudar totalmente a sua vida", garantiu. "Aqui no Japão tem mercado para todo mundo, especialmente para os mestiços que agora estão no alge". Segundo a modelo, o mais importante é gostar de si. "Algumas meninas acabam esquecendo de cuidar de si, por causa do cansaço e estresse do trabalho, mas é um desperdício ver tantas meninas bonitas trabalhando em fábricas", afirmou.

A mãe das modelos

Raquel Felipe Okoti, 28 anos, dona da agência Woga em Tokyo é praticamente a mãe dos 11 modelos que deixaram suas famílias e vieram morar em Tokyo. Como Cristine, elas trabalhavam em fábrica e através do curso para modelos encontraram uma chance de mudar de vida. Raquel está no Japão há 7 anos e já tinha vasta experiência como modelo no Brasil. Aos poucos, Raquel foi abrindo espaço e conquistando o mercado japonês. "Quando eu comecei, existiam outras brasileiras no mercado, mas elas nunca me deram nenhum toque", disse Raquel. Com 24 anos, Raquel voltou ao Brasil por razões pessoais e na começou a atuar como caçadora de talentos, trazendo modelos de lá para o Japão. "Eu comecei a oferecer cursos de modelo e a procurar os brasileiros que já estavam aqui também". Atualmente são 11 modelos que vivem em Tokyo e muitos deles estão se tornando tops. "Isso que me dá motivação, eles me ligam o tempo inteiro por qualquer coisinha e eu sinto a confiança que eles depositam em mim". Raquel é a mãe de todos eles em Tokyo. "Quando é preciso dar duro neles sou eu quem puxa as orelhas deles também". Raquel faz questão de ser respeitada e exige seriedade no campo profissional. Muitas agências de modelo são dirigidas por mulheres e Raquel explica: "A mulher tem mais sensibilidade, é um olhar clínico. O homem muitas vezes vê apenas a aparência".


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