Segundo uma das resposáveis por uma empreiteira em Saitama, as vagas para bentoya tem aumentado bastante na região. "Tenho notado que as vagas para eletrônicos também devem estar aumentando por que temos tido mais dificuldade de encontrar gente para os bentoyas", disse a funcionária. O aumento foi notado desde meados do ano. Segundo ela, muitos trabalhadores preferem trabalhar nas linhas de montagem de produtos eletrônicos pois o salário é mais alto. "As pessoas deixam o bentoya para última opção", disse.
Marcos Martins Arboleda, 32 anos, está no Japão desde agosto de 2001. "Trabalhei 3 meses com peças para o Play Station 2 e acabei tendo de deixar o emprego", relembra. Arboleda passou um mês desempregado, durante o período em que estava mais difícil de encontrar emprego. "Lembro que não saia nem uma página inteira de anúncio nos jornais", disse. Segundo ele, nessa época as exigências eram muitas. "Pediam 60% de japonês, saber ler e escrever e a preferência era por mulheres".
Arboleda acabou indo trabalhar em uma fábrica de macarrão. Em pouco mais de 6 meses, ganhou o respeito dos chefes. "Eu era o responsável por uma linha inteira e em algumas épocas tivemos 100 pessoas trabalhando como arubaito, com a linha dobrada", relembra. Há dois meses ele recebeu uma proposta melhor e deixou o emprego no bentoya. "Era muito estressante, pesado e o salário era baixo", afirmou.
Outro fator importante na escolha do emprego são as folgas. "Bentoyas não param nos finais de semana e muitos fazem essa exigência", disse a responsável pela empreiteira. Para Arboleda que tem uma filha em idade escolar, é importante garantir tempo para a família. "Agora eu sigo o calendário japonês e nos feriados posso ficar em casa com a minha filha", disse satisfeito.
As empreiteiras costumam anunciar os bentoyas como fonte estável de renda, mas para Arboleda isso é relativo. "Atualmente, no Japão, nada é estável. Não há certezas mesmo nos bentoyas e cortes podem acontecer em qualquer lugar", afirmou.
|