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Situação do Brasil segundo a Jetro

Abril de 2004
JETRO São Paulo
Teiji Sakurai – Diretor Presidente
Agora vamos analisar a situação do Brasil sob a ótica dessas cinco condições:

Å O governo brasileiro reconhece a importância, possui interesse e iniciativa de atrair o capital estrangeiro e forte determinação de pôr em ação diversas providências para isso?

A minha opinião é de que, nesse ponto, a postura do governo brasileiro não pode ser considerada necessariamente satisfatória. Foi divulgado na mídia que o Presidente Lula discursou para os empresários europeus sobre os atrativos do mercado brasileiro no Fórum de Genebra em fevereiro deste ano. Esse tipo de ação deveria ser rotineira. Apesar disso, nunca ouvi dizer que o Brasil tenha elaborado estratégias focadas em país-alvo ou setor-alvo para atrair capital estrangeiro e posto em prática de maneira organizada a médio ou longo prazo. Aos olhos dos estrangeiros, nem sequer fica claro qual é o órgão público responsável pela promoção de investimentos estrangeiros no Brasil. O exemplo do Japão é bem ilustrativo. Apesar do Japão atravessar uma recessão econômica há mais de dez anos, o país ainda continua sendo um dos grandes investidores do mundo. Nos últimos três anos, de 2001 a 2003, atendendo a solicitações de países e estados estrangeiros, a JETRO realizou 234 seminários sobre como atrair investimentos japoneses. Dentre esses, apenas dois seminários foram organizados por delegações brasileiras para promover investimentos no Brasil. Isso demonstra que o empenho do Brasil não tem sido suficiente nas atividades de promoção para atrair o capital estrangeiro para o país.

Ç Quais pontos são levados em consideração para que um investidor estrangeiro decida investir?

A impressão que tenho é que não há órgãos responsáveis pela criação de ambientes propícios para a entrada de capital estrangeiro, nem de espaços para troca de informações com potenciais investidores ou investidores já estabelecidos no país. Se eu disser isso, dirão que a INVESTE BRASIL troca opiniões periodicamente com o GIE (GRUPO DE INVESTIDORES ESTRANGEIROS). Sobre essa questão, explicarei mais adiante.

É Têm feito esforços para criar sistemas e ambientes propícios aos investimentos que sejam competitivos com relação a outros países?

Nesse ponto também o Brasil apresenta muitos problemas. É o chamado “Custo Brasil”. Adiante, voltarei a comentar sobre isso, mas o fato de ser um tema discutido há tempos, tanto por brasileiros como por estrangeiros, delata que o Brasil não tem feito esforços para melhorar esse problema.

Ñ Existem órgãos de excelência para atrair investimentos?

Atrair capital estrangeiro traz muitas vantagens. A implantação e expansão de fábricas e escritórios favorecem o desenvolvimento econômico, aumenta o emprego e promove a transferência de tecnologia, e ainda, possibilita a capacitação da mão-de-obra e o desenvolvimento regional. Além disso, as empresas de capital estrangeiro que fornecem tanto para mercado brasileiro como para outros países acabam por promover as exportações (não necessariamente nos casos das prestadoras de serviço). Em 2002, o Brasil fundou um órgão de economia mista para atrair investimentos estrangeiros, denominado INVESTE BRASIL. Foi a primeira tentativa do gênero na história do Brasil e a iniciativa deve ser comemorada. Contudo, apesar do empenho em suas atividades desde a sua fundação, o órgão apresenta muitos problemas como Å orçamento insuficiente, Ç recursos humanos insuficientes, É órgão sem definição, de controle meio estatal, meio privado, Ñ não possui rede mundial de contatos etc. Abaixo citaremos cada um desses problemas.

Desde o meu ingresso na JETRO, durante 35 anos tenho participado de quatro tipos de atividades: promoção ou fomento de exportação, promoção de importação, incentivo ou promoção de ao investimento do Japão em outros países e incentivo do investimento estrangeiro no Japão. Entre essas atividades, a mais complexa, acima mesmo da promoção de exportações, é o incentivo ao investimento estrangeiro no país. Isso pode ser facilmente explicado se analisarmos a abrangência e o conteúdo do trabalho. Além da diversidade das atividades, é exigido do responsável algum talento de vendedor. No caso da INVESTE BRASIL, há um número ínfimo de 25 funcionários trabalhando no órgão. O mais interessante é que esse órgão possui um formato curioso, no qual a parte estatal investe o mesmo valor investido pela parte privada. Pela lógica de outros países do mundo, os investimentos internos deveriam ser feitos com o orçamento federal ou estadual.

Atualmente, o que mais os órgãos mundiais de promoção de investimentos têm valorizado são as empresas de capital estrangeiro já estabelecidos nos seus países. Elas são entrevistadas para saber se estão enfrentando algum problema na administração da empresa e os comentários são trazidos para a política de capital externo. Fazem isso porque o investimento adicional dessas empresas já instaladas pode até exceder os novos investimentos. No caso da INVESTE BRASIL, há uma espécie de inversão de papéis, pois instituições, como as Câmaras de Comércio e Indústria de outros países e o GIE, que estão na posição de ensiná-la fornecendo muitas informações, são os que contribuem financeiramente para sua manutenção.

Ö Há concorrentes para o Brasil?

Será que o Brasil tem concorrentes quando se trata de promoção de investimentos? Num mundo onde a concorrência para atrair capital estrangeiro ocorre em escala mundial, parece-me que o Brasil infelizmente ainda não encontrou seu concorrente na América do Sul.

Significa que faltam ao país a consciência e senso de perigo de que, se não criar um ambiente propício para os investimentos, poderá perder para a concorrência. Entre os países da Europa observamos uma acirrada competição para atrair capitais estrangeiros, assim como os países da Ásia. Até na China, considerada supremacia absoluta nesse tipo de competição, o governo dedica especial atenção quando o assunto é atrair capital estrangeiro e a concorrência entre províncias e cidades chinesas chega a ser surpreendente. Por sua vez, o Brasil não possui rivais no continente. A Argentina é política e economicamente instável. O Chile é excelente, política e economicamente, mas seu mercado é pequeno. Os mercados do Paraguai e Uruguai também são pequenos. A Colômbia, Peru e Venezuela carregam vários problemas políticos e econômicos. Restando assim apenas o Brasil, com grande potencialidade e recursos abundantes, o que propicia a entrada de um certo grau de capital estrangeiro mesmo sem esforços para atrai-lo. Em outras palavras, nunca houve a necessidade de elaborar uma política de incentivo ao capital estrangeiro.

Contudo, com o avanço ainda maior da globalização, prevê-se que o Brasil enfrentará daqui para frente uma situação em que a concorrência passará da competição com os países da América Central e do Sul para a competição mais acirrada com a China, Índia, México, Japão e outros países asiáticos, África do Sul, principais países da Europa e Estados Unidos. O Brasil deverá preparar-se para enfrentar a concorrência desses países.


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