Dos 535 brasileiros que transferiram seus títulos e estavam aptos a votar no Consulado do Brasil em Tokyo, 205 compareceram domingo 6. Embora o número seja baixo, os eleitores mais decididos formaram uma pequena fila na entrada das seções 7 e 47, estabelecidas no Consulado de Tokyo, antes mesmo do início da votação. Massao Tanaka, mesário da seção 47, foi o primeiro a votar na capital. "Estou muito orgulhoso de ser um dos primeiros brasileiros a votar no mundo por causa do fuso horário", declarou Tanaka, que está no Japão há 15 anos, mas vota pela primeira vez desde que deixou o País. "Decidi votar para melhorar o Brasil e também por causa da minha idade", explicou. Na primeira meia hora o movimento foi intenso, já que muitas pessoas tinham outros compromissos. Alguns brasileiros que votaram nas últimas eleições para presidente aqui no Japão, como Percio Katsumi Oshiro, estiveram no consulado, mas não puderam votar. Segundo os mesários, apenas os eleitores que constavam da folha de votação puderam participar.
O embaixador Ivan Cannabrava optou por votar durante o horário de almoço, quando não havia muitos eleitores. "Estou orgulhoso de ser brasileiro e de estar no Japão como embaixador nesse momento em que a democracia se consolida em nosso País", afirmou o embaixador. Alguns eleitores como André de Camillo, 19 anos, votaram pela primeira vez. Para ele, o processo eletrônico de votação foi muito fácil e rápido. "O problema é que no Japão temos acesso a bem menos informação sobre os candidatos", disse Camillo.
Edna e Frank Murakami fizeram questão de levar seu filho Bruno. "Ele está olhando como se vota, já nas próximas eleições para presidente ele vai poder estar participando também", disse o pai orgulhoso. Para Edna, que veio especialmente de Yokohama, é muito importante votar. "Muita gente diz que não vale a pena porque estamos aqui do outro lado do mundo, mas a gente precisa pensar no futuro, para quando estivermos voltando", disse.
A primeira votação com urnas eletrônicas no exterior transcorreu de maneira organizada e sem problemas, na capital. Segundo o cônsul-geral do Brasil em Tokyo, Marcos Duprat, o Brasil é um dos poucos países do mundo que contam com um processo completamente eletônico de votação. "É uma pena que tanto o número de eleitores cadastrados quanto o número de pessoas que realmente compareceram seja tão baixo pois, com o auxílio das urnas eletrônicas, o consulado estava preparado para receber muito mais gente", afirmou o cônsul. Com experiência de eleições no exterior em outros países, Duprat arriscou dizer que poderiam ter passado pelo consulado pelo menos 10 vezes mais eleitores. "Em 1998, votaram em Montevidéu pelo menos 3.500 brasileiros", relembrou. Segundo Duprat, a colônia brasileira no Japão e o próprio consulado de Tokyo ainda são muito recentes, o que explica o baixo índice de participação. "Espero que com o tempo as pessoas se conscientizem e decidam votar", disse.
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