Ultimamente até a Globo tem falado deles. Tímidos, não creio que se orgulhem da sua denominação. Quase sempre quando se ouve falar neles, lembramos dos 3Ks (kiken, kitanai, kitsui). Mas DEKASEGI é uma palavra antiga, formada por dois verbos: deru, sair, e kasegu, ganhar dinheiro. Antes, os próprios japoneses se prestavam a sair de suas cidades para trabalhar em outros lugares quando o inverno rigoroso não permitia o trabalho agrícola. Eles deixavam família e lar por tempo indeterminado para trabalhar em indústrias nas cidades mais desenvolvidas. DEKASEGI, aquele que sai para trabalhar em outro lugar, era quase um nômade.
Hoje em dia, DEKASEGI são os brasileiros descendentes de japones ou não que migram temporariamente para o Japão na procura de um emprego melhor remunerado. São trabalhos pesados (kitsui), perigosos (kiken) e sujos (kitanai). Para os homens, montadoras, obras, construções, para as mulheres há a opção de cuidar de velhos nos asilos.
Além do discurso usual de que eles se tornam embaixadores do Brasil, mostrando o que temos de bom etc. e tal, a pátria amada também começou a lhes dar mais valorização. A idéia é trazer o capital deles, já que ainda são brasileiros, para o nosso estado. Britto já foi lá para ver como é esse negócio de perto. Mas mesmo nessa corrida, já estamos atrasados. O estado de Tocantins que além de ser o mais novo, também pode se orgulhar de não ter nenhum japonês ou mesmo descendente, está gastando mais de R$100.000 em publicidade para esse objetivo. DEKASEGI, além de ser aquele que VAI TRABALHAR, também se tornou o que VOLTA COM DINHEIRO?
Mas DEKASEGI é também o japa que veio aqui pra se dar bem. Exemplo disso é o Francisco Nakatsui, dono da Casa dos Gravadores, que admite pra quem quiser ouvir que veio pro Brasil porque não conseguiu se formar na faculdade no Japão e queria tentar coisa melhor no exterior. É também os muitos outros brasileiros que vão trabalhar em outros países mesmo que longe de ter um emprego 3Ks. É também o nordestino, o gaúcho ou qualquer brasileiro que migra de um estado pra outro. E o colono sem terra que vem pra cidade também. Só que os que não têm status, os que não voltam com dinheiro, não merecem investimento nenhum por parte do governo.
|
