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Literatura Japonesa

Kawabata Yasunari
Rinjin (Palm of the Hand Stories - Tanagokoro Shosetsu)
Há muita divergencia em torno da definição do que seria o gênero conto. Eu concordo com a vertente que diferencia o conto da short story americana. O conto não é só uma narrativa ficcional curta. É profundo porque instiga o leitor mais atento a ler o subtexto, que muitas vezes se apresenta na forma de um estranhamento no final. De maneira simples, eu defino o conto como um texto que deixa uma sensação forte que permanece mesmo depois da leitura. Nesse caso, o conto de Kawabata se caracteriza completamente como tal.
O texto começa com a fala do personagem Murano em discurso direto e já apresenta dois outros personagens, os seus pais. O narrador é onisciente, pois sabe de coisas sobre o passado, e ao mesmo tempo neutro, descrevendo a situação sem adicionar a sua opinião pessoal. Podemos notar que quando se trata do casal jovem, o narrador nos leva para mais próximo, chegando perto da intimidade. Quando se trata do casal mais velho, o narrador se posiciona à distância, através do ponto de vista do casal jovem. Predominam as descrições. A única ação dos velhos é alimentar os tobi.
O narrador está em terceira pessoa. Narra de fora. Em toda a narrativa, predominam as percepções. Temos barulhos, cores, formatos, impressões. A língua japonesa é muito rica para esse tipo de descrição subjetiva.
O conto fala de como é difícil para duas pessoas completamente diferentes morar sob um mesmo teto. Ou seja da individualidade, da solidão humana. Contrasta dois casais, um recém-casado e outro de velhos. Quem faz a ponte entre os dois casais é Murano, que se mudou para Tóquio por causa do trabalho e já não tem tempo para ficar cuidando de seus pais. O casal de jovens está apenas começando sua vida a dois. O colar de contas que Yukiko ganhou de seu pai é a última coisa que a prende a antiga família. Yoshiro gosta muito desse colar. Quando o
colar se rompe, Yukiko não está mais preocupada em mantê-lo da forma como era antes. Quer agradar o marido. Quer pertencer a uma outra família. Yoshiro no entanto quer que o colar continue sendo exatamente o mesmo que ela trouxe de casa. Quer respeitar a individualidade de sua esposa. Me parece relevante o detalhe de que o colar não foi feito por ela sozinha, ou com a ajuda de sua mãe, mas sim do pai.
O casal de idosos é surdo, não escuta. Eles não podem mais manter diálogo entre si. Me pergunto se eles não precisam mais se comunicar dessa maneira por estarem tão próximos, ou se estão justamente cansados de tentar essa união. Talvez os filhos fossem o elo entre eles. Talvez agora os tobi desempenhem esse papel.
Embora o testo seja leve e cotidiano tem muita força. Mesmo com as belas descrições da manhã e da casa, mesmo com os momentos mais alegres entre Yoshiro e Yukiko, ou talvez justamente pelo contraste com essa beleza e alegria, o conto é muito triste.



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