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Literatura Japonesa

Friends - Tomodachi
peça teatral de Abe Kobo
Tomadachi foi escrita em 1967 e recebeu o prêmio literário Tanizaki. A peça tem 13 cenas, sendo que o intervalo também é utilizado como parte dramática da peça. São 14 personagens. Oito deles formam uma família composta pela avó, um casal e seus dois filhos e três filhas. Temos então o Homem, vítima da família e sua noiva além de dois policiais, a supervisora do condomínio e um repórter.
Um homem solteiro que está noivo tem sua casa invadida por uma estranha família que alega trazer para ele o amor fraternal de que ele precisa. A família invade sua casa e toma conta do local. Ele chama a polícia, mas os policiais não acreditam na história absurda que ele conta. Acham que o problema é familiar e deve ser resolvido entre eles.
Desde a primeira noite o irmão mais velho rouba a carteira do homem, enquanto a irmã do meio prepara o jantar na sua cozinha, sem a menor cerimônia. A família toda discute as novas regras para uma convivência em paz e pouco se preocupam com o desconforto do homem com tão estranha visita.
Embora a situação seja estranha, a família age com completa naturalidade. Eles criam um acordo através do qual qualquer pessoa que diga algo de ofensivo a outro membro da família (incluindo o hospedeiro) deve pagar uma multa de 100 ienes.
Sua noiva telefona na mesma noite e ele não consegue se explicar. No dia seguinte, marcam um encontro. O irmão mais velho está lá para espionar assim como a irmã menor. A noiva, meio desconfiada, decide aceitar a estranha explicação do homem, segundo a qual, uma família de oito pessoas invadiu e tomou conta de sua casa, embora ele não tenha nenhuma relação com eles.
Ela vai visitá-lo acompanhada do repórter. Conforme a descrição na peça, esse personagem é um tanto ambíguo. Ele simpatiza muito com a família e pede para fazer parte dessa grande missão de espalhar o amor num mundo em que todos são estranhos e em que não confiamos em ninguém. Pela primeira vez na peça, temos a consciência de que esta não é uma atividade isolada e que existem outras pessoas fazendo exatamente a mesma coisa. A noiva também não pode suportar a situação e acaba deixando o homem a mercê da família.
A família está sempre discutindo algum assunto banal que tratam com extrema importância e o homem muitas vezes é chamado a dar sua opinião. Ainda na primeira noite ele chama a avó da família de ladra gatuna. Todos entram na discussão para decidir se a afirmação é desrespeitosa ou não. A discussão se prolonga passando pela importância que um adjetivo tem ou não em diferentes situações até chegar numa mera troca de opiniões a respeito de gatos e cachorros.
Na maioria das vezes o conflito gira em torno da questão de estar sozinho. Os membros da família dizem que é horrível estar sozinho e que eles tem o dever de zelar por ele. O homem afirma que gosta de morar sozinho, pois ninguém se mete em sua vida. No entanto, ele também tinha planos de se casar logo. O apartamento foi alugado para que ele e sua noiva pudessem finalmente se casar.
Desde a primeira noite, a família toda se junta para montar uma rede na qual o homem passa a dormir. Uma noite ele está na rede tentando dormir e a irmã mais velha vem lhe fazer companhia. Ela diz que sabe da tentativa que o homem fez de falar com um advogado. Ela diz que cada vez mais pessoas são visitadas por pessoas como eles e que também o advogado deve ter hóspedes. Ela tenta conquistá-lo, enquanto bebe uísque. De repente a irmã do meio vem, acende as luzes e chama o resto da família. Segundo ela, a irmã mais velha estava tentando convencer o homem a fugir.
Começa nova discussão entre os membros da família e quando o homem dá sua opinião, é pego em mais uma armadilha. Depois de dar sua palavra de que não vai fugir, ele diz que não pretendia de maneira nenhuma tentar escapar com a moça e que se disse tal coisa é porque o ser humano às vezes diz justamente o contrário do que está pensando. O pai da família decide prendê-lo numa jaula pois talvez ele esteja dizendo justamente o contrário do que pretende fazer.
O homem fica preso no escuro pois a jaula é coberta com cobertores. A idéia era mantê-lo ali até que ele se desse conta do quanto era feliz com as pequenas coisas que tinha e fazia no dia-a-dia.
No final, a filha do meio acaba matando-o por piedade. A irmão menor reage com calma e naturalidade como se isso fosse uma coisa que sempre acontece. O balanço econômico da família está positivo e eles partem para nova missão, dessa vez com mais bagagem do que quando chegaram.

Sobre a peça:
Uma peça de teatro só está realmente completa no palco. Ela não depende só do autor ou do diretor, é um trabalho conjunto entre muitas pessoas. É diferente de um livro que é uma criação individual. Peças de teatro são escritas para ser vividas pelos atores e vistas pelos espectadores. O livro é feito para ser lido, normalmente por um leitor de cada vez.
Abe Kobo é um autor que descreve com grande precisão e isso é muito importante para quem escreve peças de teatro. A peça de teatro não é escrita para ser lida e sim vista ao vivo. Normalmente quem lê peças de teatro são as pessoas que vão fazer parte do espetáculo. As descrições das cenas se tornam muito importante para diretores, produtores, atores, o pessoal da iluminação, sonoplastia, figurinistas e muitos outros. É a descrição precisa que dá a eles instruções, deixando-lhes ainda algum espaço para criação.
Quem lê a peça deve ser capaz de imaginá-la no palco. Abe consegue fazer com que imaginemos a situação, os gestos, as intenções, tudo isso através da ação dramática escrita no papel.
Mais uma vez temos prova da sua capacidade criativa. A situação é um tanto quanto surreal, mas acaba nos convencendo. Mais uma vez temos um homem que acaba caindo numa cilada. O que o oprime dessa vez não é a areia e situações climáticas diversas e sim o “amor” da família. Até o fim não fica bem claro qual era o objetivo principal da família. Eles simplesmente ganhavam a vida de uma maneira estranha. Embora muitas vezes pareça que o único interesse deles é o dinheiro, os membros da família acreditam, de uma maneira estranha, que o que fazem não é mal. Mesmo o assassinato do homem parece um ato piedoso.
O homem se encontra numa situação da qual quer fugir, mas não consegue. Ninguém acredita nele. Morando num pequeno apartamento com oito pessoas fora da realidade, dentro de casa a realidade é outra e ele é quem está de fora. Aquelas oito pessoas se tornam uma sociedade opressora dentro de sua própria casa. Fugir? Para onde?


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