Um grupo de estrangeiros residentes no Japão liderados pelo coreano Kang Song e pelo brasileiro Sérgio Echigo está organizando atividades voluntárias para a Copa. A grande maioria é formada por coreanos, chineses e brasileiros, mas conta também com a participação de voluntários de outras nacionalidades, incluindo japoneses interessados em promover o intercâmbio multi-cultural.
Segundo Kang Song, jornalista norte coreano, nascido no Japão, o objetivo da Foreign Residence Network In Japan é de unir os estrangeiros em um esforço conjunto para garantir que a copa seja um sucesso. "Queremos criar uma rede de estrangeiros de várias nacionalidades para promover um intercâmbio multi-cultural", disse Kang.
A família de Kang já reside no Japão há 3 gerações e embora ele também fale coreano, sua criação e educação foi completamente japonesa. "Queremos mostrar os aspectos positivos da nossa presença como estrangeiros no Japão para a sociedade e governo japonês", explicou. Nada melhor do que um evento que irá atrair a atenção do mundo inteiro para promover esse tipo de movimento. "Acredito que nós estrangeiros que moramos no Japão poderemos servir como uma ponte entre os torcedores das mais diversas nacionalidades que virão para a Copa e o Japão", afirmou.
Assim como a família de Kang, muitas outras famílias coreanas que foram trazidas ao país durante a Segunda Guerra Mundial estão no Japão há gerações e continuam sendo tratados como estrangeiros. A questão histórica e política entre os dois países é bastante antiga e encontra novo espaço de discussão graças a Copa de 2002 que será sediada pelos dois países em conjunto.
O grupo é formado por mais de 200 voluntários de 30 nacionalidades diferentes. A FIFA através da JAWOC, recrutou 16 mil e quinhentos voluntários oficiais. A FRN2002 é um grupo de apoio independente. Atualmente existem cerca de 1.6 milhões de estrangeiros residentes no país. "É claro que existem estrangeiros que fazem parte do grupo de voluntários oficiais da JAWOC, mas nós achamos importante criar um grupo formado apenas por estrangeiros", explicou Kang. Os voluntários oficiais passaram por um sistema de seleção bastante rigoroso. "Nós fazemos questão de estar aberto a todos os estrangeiros, independente do conhecimento da língua japonesa", acrescentou Kang. A organização pretende atuar em conjunto com a JAWOK e prestar serviços em quatro áreas diferentes: assistência ambulatória, tradução, informações turísticas e eventos.
Atualmente o grupo conta apenas com 16 participantes brasileiros. "Nós contamos com o conhecimento e experiência dos brasileiros em matéria de futebol, mas estamos tendo dificuldade de entrar em contato com a comunidade", explicou Kang. Um dos maiores parceiros da FRN2002 na comunidade brasileira é o Brasil Futsal Center em Oizumi, província de Gunma.
Além de promover o intercâmbio cultural, o grupo pretende também apagar a imagem negativa que os estrangeiros têm entre os japoneses, como a ligação direta entre o aumento do número de estrangeiros e maior taxa de criminalidade. Outra preocupação que tem afligido os japoneses é a presença de torcedores violentos como os Hooligans da Inglaterra. O governo das seis províncias e quatro cidades que cediarão a Copa no Japão devem gastar um total de 11.1 bilhões de ienes em preparativos. A cidade de Osaka é a que destinou a maior quantia para esses fins. Dos 2.23 bilhões, 40% ou 890 milhões em verbas devem ser utilizadas para garantir a segurança, devido a presença de hooligans.
"Os japoneses não são acostumados a celebrações barulhentas e as instruções são para que os torcedores deixem os estádios tranquilamente assim que os jogos terminem", disse Kim Yonja, outra voluntária de nacionalidade coreana. "Sabemos que brasileiros e torcedores de outras nacionalidades não são acostumados com esse tipo de comportamento", acrescentou. A organização sabe que não terá forças suficientes para convencer nem um lado nem outro, mas pretende se esforçar para aumentar o entendimento mútuo de culturas diferentes.
O governo japonês espera 443 mil visitantes durante a Copa. A estimativa foi feita com base no número de ingressos e passagens aéreas vendidas. Os governos locais estão esperando que o evento gere 36.6 bilhões de ienes sob várias formas de benefício econômico, entre a construção de estruturas e o dinheiro que será gasto pelos visitantes. No entanto, a venda dos pacotes oficiais mais caros oferecidos pela JAWOC não ia nada bem. No final de fevereiro, os pacotes mais caros de 45 milhões de ienes, para 25 pessoas, com direito a 4 jogos da primeira fase e uma semi-final em Saitama não havia sido vendido até o final de fevereiro. Isso se deve em parte à situação econômica japonesa, mas o próprio primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi pediu campanhas promocionais mais dinâmicas para a Copa do Mundo. "O mundo todo está nos vendo. As campanhas deveriam mostrar mais entusiasmo", disse o primeiro-ministro à imprensa também em fevereiro.
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