Foi realizado no domingo 17 o primeiro Encontro da Comunidade de Nacionalidade Estrangeira da Província de Nagano. Das 13h30 às 17h30, os mais de 160 inscritos participaram de discussões em grupos separados e expuseram seus problemas e reclamações ao governador Yasuo Tanaka, da província de Nagano. Segundo Osamu Takano, diretor da Divisão Internacional, a iniciativa partiu do governo da Província de Nagano e a escolha da cidade de Ueda como sede para o encontro se deve à grande conscentração de estrangeiros na região. Somente na cidade de Ueda são mais de 2,5 mil brasileiros. A região tem cerca de 6 mil estrangeiros registrados.
Segundo dados de 2000, a província de Nagano estava em 11º lugar em número de estrangeiros registrados, com 42.058 residentes. Com o objetivo de preparar a província para que toda a comunidade viva bem, o governo da província de Nagano em conjunto com a Associção da Província de Nagano para a Promoção do Intercâmbio Internacional (ANPIE) e com a colaboração do Conselho Informativo sobre o Intercâmbio Internacional do Município de Ueda, programou essas reuniões, das quais podem participar moradores da região de qualquer nacionalidade que desejem expor suas opiniões e reclamações. Estiveram participando 67 japoneses, um número recorde de participação. Os brasileiros formavam o segundo grupo mais numeroso, além de 40 brasileiros que estiveram participando, havia muitos trabalhando como intérpretes e ajudando a organizar o evento.
Os participantes foram divididos em cinco mesas de discussão, separadas por nacionalidade. Os brasileiros ocuparam três mesas e levantaram pontos como a dificuldade de pagar o Kokumin Kenko Hoken, devido ao alto valor cobrado e questionaram quanto aos meios de obter a carta de motorista. Todos as questões levantadas convergiam para a dificuldade de obter informações. Uma das questões importantes levantada por uma professora de japonês foi a educação das crianças. Segundo Mitsuko Hayashi, a falta de incentivo financeiro por parte do governo tem deixado pais e alunos em situações difíceis. "As crianças não tem o dinheiro para participar de atividades extra-classe, o que aumenta o isolamento", explicou. O governador Yasuo Tanaka se mostrou bastante preocupado com a situação das crianças e adolescentes que acabam deixando a escola por questões financeiras e prometeu buscar maiores informações quanto aos meios disponíveis para incentivar e mesmo ajudar as famílias que enfrentam dificuldades. Segundo ele, as famílias brasileiras também devem ser alvo da campanha "Vamos à escola" que terá início em abril.
A participação dos chineses também foi significativa e as discussões dos participantes da mesa giraram em torno de questões histórico-políticas. Já na mesa formada por outras nacionalidades, as discussões foram regidas por fortes reivindicações por melhor uso das verbas destinadas ao intercâmbio e auxílio de estrangeiros.
O governador Yasuo Tanaka ouviu todas as perguntas e opiniões levantadas. "Prometo responder todas as perguntas que me forem possíveis e pesquisarei quanto as que não puder responder", disse o governador. No final do encontro, o govenador fez questão de entregar o seu cartão pessoal a cada um dos participantes.
Questões levantadas pelos grupos
Grupo A (formado por chineses)
- Aulas de japonês de nível mais avançado
- Atendimento em chinês no Hello Work
- Mudança dos livros de história
- Aumento do número de tradutores nas escolas para ajudar os alunos
- Resolução do problema das aposentadorias
Grupo B (formado por outras nacionalidades)
- Valorizar o auxílio aos estrangeiros e não o intercâmbio meramente cultural
- Falta de informação em outras línguas, ou mesmo em japonês mais acessível
Grupo C (brasileiros)
- O trabalho voluntário como intérpretes não tem sido o suficiente
- As crianças deixam as escolas por causa da discriminação
Grupo D (brasileiros)
- Falta de direitos trabalhistas e cobertura de seguro devido ao fato de não estarem registrados
- Questões finaceiras que levam as crianças a deixar as escolas
- Falta de informação simples e de uso cotidiano como a separação do lixo
Grupo E (brasileiros)
- Falta de informação quanto aos seguros
- A importância de optar pela educação formal em uma das duas línguas
- Interesse mútuo por parte dos japoneses que têm vizinhos brasileiros e por parte das famílias brasileiras que poderia ser aproveitado nas Associações de Moradores
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