Em defesa da imagem dos brasileiros no Japão
|
Angelo Ishi, jornalista e professor da Universidade Musashi, é um dos responsáveis pelo manifesto contra o canal educativo Hosoo Daigaku. Junto com Hyoduk Lee, professor da Universidade de Cultura e Arte de Shizuoka, e Cho Jae Yeon, diretor regional da Associação dos Coreanos no Japão ele procura defender a imagem dos brasileiros no Japão. O canal Hosoo Daigaku pode ser visto através de TV à cabo, Sky Perfect TV e na área de Kanto também com antena UHF e realiza tele-cursos de nível superior. A comunidade de brasileiros em Oizumi foi o tema do segundo capítulo de uma das séries chamada A Era da Convivência. Antes mesmo de ir ao ar, o programa dirigido pelo professor Ikko Ebuchi gerou muitas controvérsias. Outros professores universitários que viram a primeira versão ficaram indignados com o teor discriminatório do programa. Na época, mais de um ano atrás, jornais japoneses como o Nihon Keizai Shinbun escreveram sobre o problema. Os primeiros a se manifestar contra a afirmação de que o aumento no número de estrangeiros havia causado o aumento da criminalidade na região foram os coreanos, sempre preocupados com a imagem dos estrangeiros residentes no país. Ishi se juntou a eles e, em janeiro desse ano, redigiu o primeiro documento conjunto, pedindo maiores explicações quanto aos dados apresentados no programa e pedindo a retratação. A resposta foi curta e pouco explicativa. Resumindo, a carta assinada pelo vice-reitor da Hoosoo Daigaku, Makoto Aso agradece a valiosa opinião, mas se nega a explicar em detalhes como foi a produção do programa, alegando que o responsável é o professor Ebuchi. Não satisfeitos com a resposta, Ishi e os outros organizadores do manifesto já redigiram outra carta, exigindo uma resposta mais esclarecedora. Ishi também está organizando um abaixo assinado e espera contar com a participação de outros brasileiros.
"Até 1990 quase não havia brasileiros no Japão. Hoje são 250 mil. É uma utopia pensar que o número de delitos cometidos não fosse aumentar", disse Ishi. Para ele a questão não é tanto numérica, mas qualitativa. "É preciso analisar o tipo de crimes que estão sendo cometidos e não apenas o número", explicou. Para ele, outro fator agravante é a imprensa japonesa que só parece se interessar pela parte negativa. "Acho que existem muitos brasileiros fazendo coisas boas, atividades importantes e que também merecem destaque, mas esses quase não aparecem", disse Ishi. "Algumas partes foram cortadas na nova edição do programa, mas muitas pessoas já viram as versões anteriores e o problema é que programa continua indo ao ar", explicou Ishi. Ele deve ser exibido mais uma vez ainda esse mês.
Angelo Ishi está realizando uma pesquisa sobre como a imprensa japonesa retrata os estrangeiros e garante que a imagem que está sendo passada não é nada realista. "Se nós não nos manifestarmos, a imagem tende a se tornar cada vez mais negativa. Precisamos mostrar a contribuição positiva que a nossa comunidade tem feito", disse Ishi. Autor do livro Para Entender o Brasil em 55 Capítulos, o primeiro escrito por um brasileiro no Japão, Ishi faz questão de mostrar que o Brasil não é só samba e futebol e que a comunidade brasileira no Japão não é apenas problemática.
Os interessados em participar do abaixo assinado podem entrar em contato diretamente com ele pelo telefone 03-3888-9167 ou através do e-mail angeloishi@hotmail.com
| |
|
|
|